Sssssss

Sssssss é o título de um trash movie americano de 1973, que foi exibido no Brasil (somente na televisão) com o título O homem-cobra. Misto de terror e ficção científica, o filme tem uma temática bizarra e hilariante: um cientista especialista em cobras, Dr. Carl Stoner, acredita que a raça humana está condenada à morte, devido a uma iminente escassez de energia na Terra. A teoria dele é que só os animais de sangue frio (como as cobras) serão capazes de sobreviver. Assim, ele produz um soro que é capaz de transformar homens em cobrassss...


Sssssss deve ser o mais peculiar e original título de filme de todos os tempos: é sugestivo tanto sonora, quanto tipograficamente, pois a letra S é uma forma serpentada. Abaixo, a seqüência inicial do trailer (igualmente trash) do filme.



Vale citar uma das melhores cenas de Sssssss, na qual o Dr. Stoner lê para Harry, sua cobra de estimação, um trecho de Song of Myself, de Walt Whitman:



“Creio que poderia mudar e viver com os animais; eles são tão plácidos e reservados. Eu paro e olho para eles por muito tempo. Eles não sofrem, lamentando-se de sua condição; não ficam acordados no escuro chorando seus pecados; eles não me enojam discutindo seus deveres a Deus. Nenhum deles está descontente; nenhum se preocupa com a mania de possuir coisas; nenhum se ajoelha para o outro, nem para os que viveram há milhares de anos; nenhum deles é respeitável ou infeliz por sobre toda a face da Terra.”



SSSSSSS...

SSSom Livre

Um serpenteio espiralado identificou visualmente os antigos discos de vinil da gravadora Som Livre da década de 1970. A espiral, por si só, é uma imagem recorrente no imaginário psicodélico. Mas a atmosfera psicodélica é reforçada devido à combinação da espiral com o movimento circular do disco.
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Posteriormente, a gravadora adotou um S como marca. Embora a letra S seja, propriamente, uma forma serpenteada, o design do S da Som Livre enfatiza o movimento serpenteado.
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Abaixo, duas outras versões mais recentes da marca da gravadora.

Luz, câmera, letras

Numa das campanhas da operadora de telecomunicações Oi, a expressão Eu posso é escrita com base no princípio da fotografia de alta exposição e o movimento de um ponto luminoso.


Esse mesmo princípio foi usado por Pablo Picasso para a criação da obra intitulada Desenho elétrico (abaixo). A imagem, retirada da extinta revista A Cigarra, seção Panorama do Mundo (Rio de Janeiro, junho de 1950), é acompanhada da seguinte legenda: “Picasso lançou o desenho elétrico, com o auxílio de uma lâmpada incandescente. A câmara em exposição vai registrando os traços nervosos que o discutido artista risca no espaço.”

O artista plástico Paul Klee afirmava que escrever e desenhar são atos idênticos: ambos se dão através do gesto. Assim, pode-se dizer que Picasso também escreveu com luz.

Alfabeto Luz de vela

Alfabeto experimental Luz de vela, de minha autoria, baseado no princípio fotografia/luz/movimento.

 
Diferentemente dos processos utilizados nos exemplos da postagem anterior, o alfabeto Luz de vela foi criado a partir do movimento da câmera fotográfica, não do ponto de luz.
 

ABZ das marcas (4)


Michel Butor e a escrita árabe

“A primeira vez que fui ao Egito, saindo da estação ferroviária fiquei impressionado diante de uma magnífica inscrição árabe. Pouco a pouco percebi que queria dizer Coca-Cola. Fiquei um pouco decepcionado, porque a significação tornava a coisa vulgar. Mas isso não impedia a beleza do desenho.” (Michel Butor)

A essência da obra do romancista e ensaísta francês Michel Butor é a colaboração entre imagem e escritura.

Abaixo, algumas variações do logotipo da Coca-cola pelo mundo.




Singer

Fundada em 1851, a fabricante de máquinas de costura Singer sempre usou uma letra S como marca. Em antigas versões, a marca trazia a imagem de uma mulher entrelaçada ao S, como na placa abaixo.

Superman

O famoso S do universo das HQs – o do emblema do Superman – já foi exaustivamente explorado em diferentes mídias, além da original, impressa. Massificado, o S converteu-se num sinônimo de (super)poder, robustez e vigor.

Cifrão

O peso da imagem do cifrão usada nas peças gráficas de uma greve de bancários faz alusão às idéias de robustez, poder e vigor vistas como opressoras.

Existem diversas hipóteses para a origem do cifrão. A mais curiosa relaciona antigas moedas espanholas cunhadas pelo general árabe Djebl-el-Tarik, após a conquista da Espanha, no ano 711. O general teria mandado cunhar as moedas com uma linha sinuosa, em S, representando o seu tortuoso caminho até a vitória. Cortando essa linha, duas barras paralelas verticais, representando as colunas de Hércules que, segundo a mitologia grega significavam força, poder, perseverança. (fontes: http://super.abril.com.br, http://noticias.terra.com.br e http://www.forum-numismatica.com).

Coincidências gráficas (2)

O cartaz abaixo, do movimento grevista da Confederação nacional dos trabalhadores em educação, usa formas geométricas, cores chapadas e traz um texto em forma afunilada.



O design é uma paródia/apropriação do cartaz criado por Alexander Rodchenko, em 1925. A geometria e o uso de cores chapadas eram característicos do design gráfico russo dos anos revolucionários. Nos primeiros anos da revolução de 1917 na Rússia, os cartazes freqüentemente continham slogans visuais contra o capitalismo; no caso do cartaz de Rodchenko, o slogan é reforçado pela forma afunilada do texto.



A mesma configuração afunilada de texto foi usada na capa do Álbum You Could Have It So Much Better, do grupo escocês Fraz Ferndinand.